Nos dias 29 e 30 de setembro, o aclamado pianista norueguês Leif Ove Andsnes irá se apresentar, pelo Mozarteum Brasileiro, na Sala São Paulo, em recital de piano. No repertório teremos Schubert, com a Sonata para piano n. 19 D 958, Beethoven com a Sonata n.14 e Quadros de uma Exposição, de Mussorgsky.
A Sonata número 14 op 27-2 de Beethoven, conhecida como “Sonata ao Luar”, foi composta em 1801 e publicada em março de 1802. Faz parte, portanto, no período classificado com “primeira maturidade” de Beethoven. Como se sabe, o título não foi dado por Beethoven, mas sim pelo poeta Ludwig Rollstab. Segundo ele, a música o remetia a uma cena noturna, em um lago, sob o luar. Curiosamente os contemporâneos de Beethoven já haviam dado outro nome à sonata. Para eles, Beethoven a escrevera sob um caramanchão e por isso a chamaram de “Sonata do Caramanchão”. A dedicatória da obra também possui uma história que ajuda a dar asas à imaginação daqueles que se encantam com as histórias de amores frustrados que cercam a sonata. Originalmente ela parece ter sido dedicada à Princesa Josefina von Liechtenstein, exatamente como a sonata op 27-1. Porém houve uma alteração: a peça está dedicada à jovem aluna de Beethoven, Giulietta Guicciardi, com quem o compositor teve um breve romance.
Beethoven intitulou o opus 27 de “Quasi una Fantasia”. Isso revela o sentimento de improvisação, principalmente do primeiro movimento da Sonata ao Luar, que, além de não obedecer a nenhuma forma, tem um início que parece uma suave improvisação. O caráter de fantasia se revela, ainda, na pluralidade de tempos, versatilidade tonal e no fato de não haver intervalo entre os movimentos: em uma fantasia há inúmeras seções com características diversas.
Segundo testemunho do próprio Beethoven em carta, o famoso primeiro movimento – Adagio -- nasceu de um improviso durante o velório de um amigo. Isso justifica o seu estilo de marcha fúnebre. No início do movimento encontram-se duas indicações. A primeira é “sempre pp”. A segunda é “delicatissimamente senza sordini”. O sem surdina significa que, se a sonoridade dos pianos de hoje fosse a mesma daqueles de 1801, o primeiro movimento deveria ser tocado com o pedal direito pressionado. Com nossos pianos de hoje, porém, seguir tal indicação não significaria tocar a obra de forma mais fiel, mas sim embolar todos os sons, tirando-lhe o sentido. Hoje em dia, é missão do pianista saber a hora de pisar no pedal, bem como a hora de soltá-lo. Neste movimento fazem-se notar, pela primeira vez na obra de Beethoven, traços românticos.
Mais informações no site do Mozarteum
segunda-feira, 29 de setembro de 2008
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