Nesta semana, sob a regência de John Neschling, a pianista russa Lilya Zilberstein, juntamente com a OSESP, apresentará o Terceiro Concerto Para Piano em Dó Maior, o opus 26 de seu conterrâneo Sergei Prokofiev (1891-1953). Traz-nos grande expectativa o concerto desta semana, já que Lilya Zilberstein, além de russa, é aluna e pupila daquela que é uma das maiores intérpretes deste concerto para piano: Martha Argerich -- ela, aliás, tem tamanha intimidade com o concerto que o considera fácil. Além disso, é forte o sangue russo na orquestra, uma vez que muitos de seus componentes vêm da Rússia.
Recomendamos o vídeo do Concerto para Piano n. 3 existente no Youtube, com Martha Argerich e a Orquestra Filarmônica de Berlin, sob a regência de Claudio Abbado.
O Concerto n. 3 para Piano em Dó Maior op 26 teve sua estreia em Chicago em 1921. Não alcançou sucesso imediato nos Estados Unidos, onde Prokofiev morava na época. Ao contrário: só após ter sido executado na Europa popularizou-se e hoje é o concerto mais conhecido e tocado do compositor. Com forte influência de Beethoven, sobretudo do Primeiro Concerto para Piano, e do pianismo de Czerny, também há traços de Rachmaninov e melodias típicas russas. Figura, sem dúvida, entre os mais importantes concertos para piano do repertório da música ocidental.
Primeiro Movimento: Allegro.
Começa com um andante, um prólogo, onde a clarineta introduz apresenta o tema principal (o primeiro tema): uma melodia russa. Após uma modulação, entra a orquestra com galopes no estilo Czerny: é esse o segundo tema. O terceiro tema entra com ritmo bem marcado e acompanhado por percussão.
Segundo Movimento: Andantino con Variazonin
Neste movimento, o tema, uma gavota, introduzido pela flauta logo no início, é sempre lembrado, porém com certa liberdade, sem que o compositor tenha se tornado escravo dele. A cada variação há uma modificação do tema.
Variação 1 (Istesse tempo): o piano tem o tema, porém com uma harmonia no estilo de Gershwin, provavelmente um reflexo das influências a que estava submetido nos Estados Unidos.
Variação 2 (allegro): aqui o tema está com o trompete.
Variação 3 (allegro moderato): o tema está com a orquestra. Enquanto isso, o piano apresenta movimentos ininterruptos com acentos nos contra-tempos e as duas mãos seguindo paralelamente -- característica do pianismo de Prokofiev.
Variação 4 (andante meditativo): o piano lembra o tema mas também apresenta movimentos descendentes cromáticos. O clima criado aqui é semelhante ao criado por Rachmaninov nas Variações sobre um Tema de Paganini, na 17a variação, preparando a famosa 18a variação.
Variação 5 (allegro giusto): enquanto o tema é tocado pelos violinos o piano faz movimentos ascendentes que se intensificam.
Terceiro Movimento: Allegro ma non troppo.
O clima é bastante parecido com o do primeiro movimento. A forma é A-B-A, havendo, contudo, subdivisões internas nos temas. O tema A é bastante ritmado. Uma melodia lírica bastante russa introduz B, mas o clima é logo quebrado pela flauta que como que reproduz, repetidas vezes, algo que pode ser o canto, quase grito, de algum pássaro. Volta logo uma melodia pastoral na orquestra. O piano, porém, ao mesmo tempo toca outro tema que nada tem de pastoral, ao contrário, é obsessivo. Esse tema pastoral faz lembrar bastante Rachmaninov.
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Um comentário:
Quase inacreditável o que se viu, nesta quinta-feira, na Sala São Paulo. Lilya Zilberstein mais que tocou: ela viveu o concerto de Prokofiev. Tocava o piano com naturalidade, intimidade, dançando, sentindo e se deliciando com cada nota. Precisa mas sem violência, trouxe-nos um concerto vibrante, enérgico, ritmado, envolvente, nada pesado. A alma e a emotividade russas tomaram conta da solista e de todos os que tiveram o privilégio de assistir a esse maravilhoso concerto. Bravo à solista e à orquestra.
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