Rasga o Coração
(Anacleto de Medeiros / Catulo da Paixão Cearense)
Se tu queres ver a imensidão do céu e mar
Refletindo a prismatização da luz solar
Rasga o coração
Vem te debruçar
Sobre a vastidão do meu penar
Rasga o que hás de ver
Lá dentro a dor a soluçar
Sob o peso de uma cruz de lágrima a chorar
Anjos a cantar
Preces divinais
Deus a ritmar seus pobres ais
Sorve todo olor
Que anda a recender
Pelas espinhosas florações do meu sofrer
Vê se podes ler nas suas pulsações
As brancas ilusões e o que ele diz no seu gemer
E que não pode a ti dizer nas palpitações
Ouviu brandamente, docemente a palpitar
Casto e purpural .... vesperal
Mais puro que uma cândida vestal
Se tu queres ver a imensidão do céu e mar
Refletindo a prismatização da luz solar
Rasga o coração.
Nesta noite totalmente dedicada à música brasileira, a OSUSP também tocará o Choros N° 10, para orquestra e coro misto, de Heitor Villa-Lobos. Como sabemos, a série dos Choros, toda ela composta na década de 1920, é considerada como a mais importante da carreira do compositor. O Choros 10 estreou em novembro de 1926, no Rio de Janeiro, entre duas estadias de Villa-Lobos na França.
Um fator que em geral chama a atenção nos choros é a orquestração. Para o Choros 10 ela é composta por: pícolo, 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetas em Lá, sax. alto (mib), 2 fagotes e contra-fagote, 3 trompas., 2 trompetes., 2 trombones, gr. tambor de Prov., caixa-cl., tambor, caxambú, 2 cuícas,
2 caixas de madeira, 2 reco-recos, 2 chocalhos, bombo, tam-tam, (e gongo), piano, harpa, cordas e coro misto.
Villa-Lobos fez, no Choros em questão, uma citação da música Yara, de Anacleto Medeiros, e usou o poema Rasga o Coração, de Catulo da Paixão Cearense, composto para ser cantado como a letra da canção de Medeiros. Porém, devido a um processo por plágio movido por Catulo, teve que substituir a letra por um vocalize. Hoje em dia, o Choros tem sido executado com a letra e os direitos autorais pagos à família de Catulo. Acreditamos que a OSUSP usará a letra. Outra canção usada por Villa-Lobos é Mococê-cê-maká recolhida por Roquete Pinto entre os índios.
Para maiores informações clique aqui.
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